Meu cantinho, meu cantar, enquanto canto há. Enquanto canto, encanto, encontro meu cantar. Enquanto conto, canto um ponto, cantuá. Enquanto encanto, flor cantua, canto há.















domingo, 27 de junho de 2010

Novamente

Autor: Fred Martins



me disse vai embora eu não fui
você não dá valor ao que possui
enquanto sofre o coração intui
que ao mesmo tempo que magoa o tempo
o tempo flui

assim o sangue corre em cada veia
o vento brinca com os grãos de areia
poetas cortejando a branca luz
e ao mesmo tempo em que machuca o tempo
me passeia

quem sabe o que se dá em mim
quem sabe o que será de nós
o tempo que antecipa o fim
também desata os nós

quem sabe soletrar adeus
sem lágrimas, nenhuma dor
os pássaros atrás do sol
as dunas de poeira
o céu de anil do polo sul
a dinamite no paiol
não há limite no anormal
é que nem sempre o amor
é tão azul

a música preenche a tua falta
motivo dessa solidão sem fim
se alinham pontos negros de nós dois
e arriscam uma fuga contra o tempo
o tempo salta

domingo, 20 de junho de 2010

Saúde

(Autores: Rita Lee e Roberto de Carvalho)



Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!
Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Para ver as meninas

(Autor: Paulinho da Viola)



Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos

Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor
assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Benditas

(Autoras: Martinália e Zélia Duncan)



Benditas coisas que eu não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Os amores que eu nunca encontrei
Benditas coisas que não sejam benditas

A vida é curta
Mas enquanto dura
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre o amor não mente, não
mente jamais
E desconhece do relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros

Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Retrato pra Iaiá

(Autores: Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante)



Iaiá, se eu peco é na vontade
de ter um amor de verdade.

Pois é que assim, em ti, eu me atirei
e fui te encontrar
pra ver que eu me enganei.

Depois de ter vivido o óbvio utópico
te beijar

e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural
Eu fui praí te ver, te dizer:

Deixa ser.
Como será quando a gente se encontrar?
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar.
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar.

De perto eu não quis ver
que toda a anunciação era vã.
Fui saber tão longe
mesmo você viu antes de mim
que eu te olhando via uma outra mulher.

E agora o que sobrou:
Um filme no close pro fim.


Num retrato-falado eu fichado
exposto em diagnóstico.
Especialistas analisam e sentenciam:
Oh, não!

Deixa ser como será.
Tudo posto em seu lugar.
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.

Deixa ser.
Como será.
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés,
em preto e branco, em hotéis.

Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Nuvem Cigana

(Autores: Milton Nascimento e Lô Borges)



Se você quiser eu danço com você
No pó da estrada
Pó, poeira, ventania
Se você soltar o pé na estrada
Pó, poeira
Eu danço com você o que você dançar
Se você deixar o sol bater
Nos seus cabelos verdes
Sol, sereno, ouro e prata
Sai e vem comigo
Sol, semente, madrugada
Eu vivo em qualquer parte de seu coração
Se você deixar o coração bater sem medo...
Se você quiser eu danço com você
Meu nome é nuvem, pó, poeira, movimento
O meu nome é nuvem
Ventania, flor de vento,
Eu danço com você o que você dançar
Se você deixar o coração bater sem medo...