Meu cantinho, meu cantar, enquanto canto há. Enquanto canto, encanto, encontro meu cantar. Enquanto conto, canto um ponto, cantuá. Enquanto encanto, flor cantua, canto há.















segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mulata Exportação

(Autora: Elisa Lucinda)



Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem, nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega exportação, vem meu pão de açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber entendeu, meu dendê? Minha tonteira, minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol, entendeu meu gelol?)
Rebola bem, meu bem-querer que eu sou seu improviso, seu karaoquê. Vem nega, sem eu ter que fazer nada.
Vem sem eu ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Nega, vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois eu te levo pra gente sambar.
Imaginem: Ouvir tudo isso com calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado…”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse cara intelectual…
Eu disse: Seu Juiz, não adianta! Opressão, Calaminadade, Genocídio, Barbaridade
nada disso se cura trepando com uma escura!
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um mal resolvido
que vai libertar uma negra…
Esse está fadado
não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui, meu senhor:
Eu me lembro da senzala
e tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo?
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!
Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!

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